terça-feira, 27 de novembro de 2018

A importância da proteção dos olhos

Imaginem-se numa bela manhã de sol com algumas nuvens a salpicar o céu azul e a conduzir a vossa Vespa pelas belas estradas do nosso País. Aos poucos vão deixando para trás a azáfama da cidade e acabam por entrar numa zona rural, onde apenas se ouve o ronronar do motor que corta a melancolia do chilrear dos pássaros e grilos (sons do campo). Contemplam a paisagem, árvores de cores esplêndidas, o ar puro e fresco enche-vos os pulmões, sentem o frio de uma leve brisa na cara e começam a sentir uma lágrima a correr para a orelha devido à velocidade... concentrados na humidade ouvem um BZZzzzz... e pumba, um insecto de proporções médias acerta em cheio num olho, instintivamente o fecham e ficam a ver luzinhas... e logo em seguida levam com outro na testa como se tivessem a ser um alvo desses pequenos "abelharucos". Apressadamente param a mota, felizes por não terem caido, ao fim de alguns segundos de palavrões, insultos e esfreganços de aflição, pensam... - porquê que não coloquei os meus óculos!?

Pois bem, a proteção dos nossos olhos enquanto conduzimos é fundamental. Proteger os olhos de poeiras, vento e bicharada é indispensável. Sò temos dois olhos! Se nos acertam na cara... isso aguenta-se bem. Agradeci muitas vezes por ter os meus goggles colocados, sendo estes um acessório fundamental quando vou passear com a Leya.  

Nesta imagem, ainda se consegue ver no canto inferior esquerdo e superior direito da lente o tamanho destes bichos que me tentaram pôr abaixo da Vespa quando fiz a Estrada Nacional 2.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

4ª Parte - Chaves/Faro pela belíssima EN2 - O final

Após uma breve revisão, tal como colocar óleo no autolube e uma verificação de luzes, arrancamos até uma oficina ali mesmo em Abrantes. A vespa do João estava a precisar de um aperto na roda traseira, estava folgada. 
O Carlos e o Rui trocaram as lâmpadas fundidas traseiras...

Eu decidi ir tomar um café porque a minha menina estava a aguentar-se lindamente, não deu mostras de fraqueza. 😉

Arrancamos e ainda se sentia a frescura da manhã. Passamos pelos verdes campos que ladeavam a N2. Obrigatoriamente nova paragem na Bemposta ainda no concelho de Abrantes, os suportes da mala na vespa do Rui precisavam de solda. Foi coisa rápida, em menos de meia hora ficou tudo seguro. A estrada nacional passa mesmo ao lado da escola de Aviação Civil no Aeródromo de Ponte de Sôr, veio-me à ideia o filme "TOP GUN" enquanto percorria a estrada e a pista mesmo ao lado 😎 A próxima paragem foi para abastecer logo a seguir à barragem de Montargil.


Após um café e de motas atestadas, voltamos novamente à estrada. Estávamos a aproximadamente a 37km de distancia do Km 500. O calor do Alentejo já se fazia sentir, assim como os pequenos insectos que batiam no capacete e nos meus óculos como "Kamikazes" (nome dado aos pilotos de aviões Japoneses cuja missão era realizar ataques suicidas) eram como balas quando me acertavam na testa e na cara.

Chegamos por fim à pequena freguesia de Ciborro.
Umas fotos da praxe no marco do Km 500.

Para os curiosos sobre a E.N. 2 vale a pena ler aquele cartaz. (ampliem a foto)

O único bar que encontrei, com uma decoração característica de quem anda na estrada, a fazer lembrar os bares da Route 66, foi nesta localidade. Está com um decoração típica de motards e viajantes fazendo referência a todos os que percorrem a E.N.2

Comprei lá um autocolante que coloquei dentro do porta luvas. Baptizou a minha Vespa no que se insere no mundo dos autocolantes. A paragem foi breve mas, serviu para nos refrescar com uma bebida e voltamos logo ao caminho.
Estávamos a uns cinquenta e poucos quilómetros da próxima paragem. A fome já apertava e o pulso direito já precisava de descanso. Ansiava desesperadamente pela hora de almoço.

O almoço viria a ser em Alcáçovas no Restaurante "Sabores da Vila". estava um calor abrasador típico do Alentejo. Nada como um jarro de vinho branco fresquinho e um coelhinho frito com batatinhas para saborear e descansar... Aproveito para informar que dei 4 estrelas a este restaurante no google. 😉

Chegara a altura de nos fazermos à estrada, estava um calor infernal. Que bem que soube levar com a aragem quente enquanto rolávamos pelas longas rectas Alentejanas, ladeadas pela imensidão dos campos de cultivo e algum arvoredo. Vi campos a perder de vista de girassóis, cegonhas, garças, aves de rapina, melros a esvoaçar repentinamente na minha frente, cavalos, vacas, cabras, ovelhas, insectos esborrachados nas lentes dos meus óculos... Nunca tinha atravessado o Alentejo verdejante nesta altura do ano. Após uns bons quilómetros, paragem obrigatória para aliviar.

Tínhamos de encontrar uma bomba de gasolina urgentemente. A vespa do João bebia bastante e estava em breve a ficar sem gota. Paramos em Ervidel-Aljustrel na emblemática área de serviço da Galp. Já muito poucas existem de estilo arquitectónico da década de cinquenta/sessenta. Estes antigos postos serviam os locais e os viajantes, para quem percorria longos quilómetros podiam fazer pequenas revisões nas viaturas, usar o telefone e levantar ou deixar as suas encomendas e até o seu correio. Enfim, coisas do passado.
 Área de serviço de Ervidel

 Abastecia a minha antiga Vespa FL2 naqueles reservatórios de mistura pré feita. 😕

Para uma recordação futura.

Depósitos atestados, seguimos viagem. Ainda tínhamos muito caminho pela frente, incluindo a Serra do Caldeirão. Tanta casa bonita pintada a duas cores! Branco e azul eram as cores predominantes na maioria das casas mas, também havia algumas casas de faixa amarelo torrado.
Portugal é esplêndido de norte a sul. 

Para passar melhor o tempo, quando me vinha uma música à cabeça trauteava-a pelo caminho enquanto ziguezagueava na brincadeira pelas longas retas da estrada. Chegados a Beja à pequena Vila de Almodôvar estacionamos as Vespas mesmo em frente à esplanada para acabarmos a beber e a comer qualquer coisa.
 Um bonito mural na mesma rua onde descansamos.

Beja - Amodôvar 17.00h na esplanada de um bar sem preocupações.

Colocados os motores a ronronar, arrancamos calmamente deixando para trás a pequena Vila rasgada pela N2. Próxima etapa, Serra do Caldeirão mesmo à nossa frente. O final de tarde tornara-se ventoso e fresco, por esse motivo aguardava a próxima paragem para vestir um casaco uma vez que atravessara o Alentejo todo em T-Shirt. 

Este troço, como tantos outros, requeria um pouco mais de atenção devido às curvas e contracurvas apertadas que não permitiam grandes velocidades. Chegamos por fim ao topo da Serra do Caldeirão.
Cito Antoine de Saint-Exupéry para definir o que sinto quando pego na minha Vespa. 

Da esquerda para a direita: Eu o João e o Carlos


 Da esquerda para a direita: Eu, a vespa do Rui e o Carlos.

De volta à estrada tomamos o rumo para a que viria a ser a nossa última paragem, Faro.
Foi mais uma série de curvas e contra curvas com uma paisagem lindíssima como companhia. Desde o início da aventura que vários motards se cruzaram por nós, tanto para norte como para sul. Nunca imaginei a imensa procura turística que esta estrada tem! Basta ser a maior da Europa e é Portuguesa. 😉

Nas últimos quilómetros, senti uma sensação de infelicidade/pena. Sabia que dentro de pouco tempo a aventura iria acabar. Tinha vontade de percorrer muitos, mas muitos mais quilómetros, seguir para Marrocos ou até mesmo rumar a Itália. Quem sabe um dia...

 As 4 Gloriosas no Km 738

Este marco, foi recolocado em Maio de 2016 de forma a valorizar a rota da mítica Estrada Nacional 2

O Carlos fez questão em colocar o autocolante do seu Clube nos marcos do Km 0 e, como não poderia deixar de ser, no Km 738 como tantos outros o fizeram. Muitos pensam que a Estrada Nacional 2 termina neste marco mas, estão muito enganadinhos! Ainda nos restavam 500 metros que se estendem pela Rua do Alportel. Esta mesma Rua impede-nos de seguir em frente nos últimos metros devido ao sinal de proibição, o trânsito passa a ser de sentido único ao contrario da nossa direcção. Percebe-se o porquê de muitos decidirem começar a N2 em Faro e terminar em Chaves (desta forma, o caminho segue a direito). 

Contornamos o quarteirão e... damos por finalizada a nossa etapa no Km 738.5 da E.N. 2

Todos tiramos fotografias no local com a felicidade de missão cumprida. Seguimos para a Pousada da Juventude de Faro onde iríamos pernoitar.
Uma breve revisão à pressão do ar dos pneus e deparamo-nos com uma carecada impressionante no pneu traseiro tanto da minha princesa como na Vespa do João. 
O Rui e o Carlos prontificaram-se em ajudar a trocar depois do jantar.
E eu agradeci! Era a primeira vez que a Leya trocava um pneu. Assisti à delicada operação que se veio a mostrar fácil com duas pessoas a ajudar e outra (eu) a segurar o telemóvel e a dar indicações de precaução para não riscarem nada e deixarem tudo bem apertado e direitinho ao estilo de engenheiro de obras públicas. 😏
Encontrado o melhor local, "pusemos" mão à obra.

 O porta couves também tinha os parafusos soltos, levaram todos um aperto.

Acredito que tenha sido o calor da estrada que tenha contribuído para o pneu chegar a este estado.

Próxima compra será duas jantes Tubeless com uns Michelin S83. A marca do pneu também tem a sua culpa. Ainda tenho os pneus de origem. 😒 Também gosto de andar com uns sapatos confortáveis e a Leya também deve de gostar. Acima de tudo, a segurança.

Após uma de letra e uns copos na marina, fomos dormir. Alguém ressonou bastante naquela noite. Fizemos o caminho de volta para Abrantes, desta vez intercalamos entre outras estradas. A caminho de Coimbra apanhamos com chuva. Quando lá chegamos fomos ao leitão. O joão despediu-se antes por isso não sabe o que perdeu. Final do almoço cada um seguiu o seu rumo. Eu apanhei o IC2 e vim direito a casa.

Foram fortes os motivos que me levaram a fazer a EN2 desde a perda de uma pessoa muito querida (conhecia muito bem as estradas de Portugal e Europa), à enorme curiosidade que esta estrada me despertou. Por motivos fortes tive de me afastar um pouco aqui do blogue. 
Tentei fazer o video para fechar este post, mas ainda não o consegui acabar por falta de disponibilidade, fica para mais tarde. Contudo deixo uma amostra pequenina. 



2020 - Novos adornos

Decidi dar uma prenda à minha menina no inicio de 2020. Uns tacos novos para o descanso e um aro em metal para o farolim frontal. Já ti...